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Mentores – Dr. Luiz Antônio

Mentores – Dr. Luiz Antônio

O homem e o profissional 

Dr. Luiz Antônio

Luiz Antônio Ferreira Souto dos Santos Lima, tetraneto do Sargento Mor Antônio de Souza Machado, fundador de Mossoró/RN, nasceu na cidade de Assú, antiga Vila Nova da Princesa, aos 15 de setembro da 1890.

Aos nove anos, após a morte do seu genitor, Galdino dos Santos Lima, a mãe Ana Souto Lima, sua primeira professora, movida por uma constante preocupação de instruir e educar a família, mudou-se juntamente com os nove filhos para Natal.

Em Natal completou os estudos primários com José Idelfonso Emereciano, o famoso professor Zuza. Em seguida, ingressou no Atheneu Norte-Riograndense, onde fez o Curso de Humanidades.

Enquanto estudava, tornou-se professor interino da Escola modelo Augusto Severo. Em seguida diplomou-se professor na primeira turma da Escola Normal, fundada pelo governador Pedro Velho, e tornou-se seu professor. Natal conhecia um grande professor de Física, Química e História Natural, pois suas aulas eram famosas.

Em 1913 casou com a sua colega de turma da Escola Normal, Ecila Cortez e desta união nasceram: Luiz Antônio dos Santos Lima, Nestor dos Santos Lima Sobrinho e Olindina Cortez dos Santos Lima.

Graduou-se em Farmácia pela Faculdade de Recife, em 1919, mas o nosso patrono sonhava em ser médico, porém faltavam recursos financeiros para ingressar numa Escola Superior longa de sua terra. Ficou viúvo em 1921 e, como era tenente farmacêutico da reserva, surgiu a idéia de voltar à ativa,  indo exercer suas funções no Quartel General do Rio de Janeiro, onde encontraria tempo para estudar Medicina.

1926 é o ano de sua formatura, com a defesa de uma tese brilhante e ainda atual: “Higiene Mental e Educação”, quando lhe foi conferido pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro o Título de Doutor em Medicina. Somaram-se aí o estilista, o educador é o médico. O cavaleiro andante de campanhas memoráveis na educação sexual, combate ao alcoolismo e combate ao tabagismo, estava formado e com destinação.

A sua tese foi uma obra de fôlego, contendo 178 páginas na qual não se sabe mais o que louvar e admirar, se os conceitos e a erudição em assuntos tão transcendentes e importantes, ou, se o colorido do estilo, a beleza da forma, a clareza da exposição, revelando-se no manuseio da frase um lídimo conhecedor do idioma vernáculo. Não só um estudo de gabinete, um amontoado de citações e doutrinas, senão um repositório de dados práticos e úteis que refletem o cunho de observações pessoais, escritos em linguagem simples e amena, ao alcance de todas as inteligências.

Apesar de sua capacidade para vencer em qualquer centro adiantado do país, preferiu regressar a província para servir à sua gente que tanto ele tanto prezava e estimava. Veio se incorporar ao Hospital Miguel Couto, depois Hospital das Clínicas e hoje Hospital Onofre Lopes.

Aos pobres e aos ricos ele tratava com a mesma bondade, o mesmo carinho e dedicação. “salvar o paciente, amenizar sua dores e seus sofrimentos” era o objetivo mais relevante do profissional Luiz Antônio. Aos que o criticavam pelos modestos honorários que algumas vezes cobrava dos doentes mais pobres, respondia que não era sócio da riqueza nem do patrimônio do cliente. Um verdadeiro discípulo de Hipócrates, cumprindo à risca o seu juramento, honrando e dignificando a carreira que abraçara. Sempre foi um desprendido, sem ambições, visando mais às alegrias espirituais da profissão do que os proventos materiais.

Ganhou renome nacional ao ser divulgado em um programa da Rádio Nacional em que um benfeitor da humanidade era pago por beneficio extraordinário com apenas um “Obrigado, Doutor!”, ficou conhecido como o médico dos pobres.

Passou a dirigir o Hospital Evandro Chagas, das doenças infecto-contagiosas que se tornou modelo sob sua direção. Iniciou uma campanha contra o alcoolismo e o tabagismo. Organizou também a campanha de combate ao câncer, pregava o exame precoce e defendia a tese de que o mal, nos seus primórdios podia ser debelado. Movido por piedade para cuidar dos cancerosos incuráveis, aqueles que sofriam sem ter sequer o direito de um entorpecente para aliviar as suas dores nos poucos dias que lhe restavam.

Era comovente o seu trabalho na Liga Norte-Riograndense contra o Câncer. Conseguiu comprar uma hospedaria no bairro das Quintas em Natal, adaptou-a e anexou-lhe enfermarias, comprou um aparelho de raios-X para diagnóstico e outro para radioterapia profunda. Não sendo suficientes os recursos federais, lançava mão da ajuda de amigos e da benemerência de pessoas generosas que muito contribuíram para o bem estar daqueles pacientes. Levava alguns excedentes de sua casa, frutas, cereais e outros alimentos para os doentes, pelos quais tinha verdadeira afeição paternal.

Como Farmacêutico prestou serviços gratuitos no Instituto de Proteção e Assistência à Infância, hoje Hospital Infantil Varela Santiago.

Depois de 15 anos viúvo, casou-se com Dila Pena e tiveram três filhos do novo casamento: Rodolfo, Luiz Rodolfo Pena Lima e Anadila Pena Lima.

Homem de pequena estatura, maneiras simples, de riso acolhedor, destacou-se como Professor e Médico. Mestre brilhante pela exposição correta e erudita, austero e justo, foi educador de gerações de potiguares. Sua vida constituiu um exemplo de bondade e amor ao próximo, pois era um profissional devotado aos humildes e a caridade era sua maior preocupação.

Fundou e presidiu a Associação dos Professores do Rio Grande do Norte, Diretor do Departamento de Educação; Diretor do Hospital Miguel Couto, Diretor do Hospital Evandro Chagas e do atual Hospital Luiz Antônio. Pertenceu a Sociedade de Assistência Hospitalar (Hospital Varela Santiago) Sociedade de Medicina e Cirurgia, Instituto Histórico e Geográfico do RN e Academia Potiguar de Letras. Sendo Fundador da Cruz Vermelha do Rio Grande do Norte e Professor de História do Atheneu Norte-Riograndense.

Na Faculdade de Medicina foi vice-diretor, professor de Clínica Médica e Diretor. Convidado a dirigir o Hospital das Clínicas, aos 71 anos, faleceu vitima de um derrame cerebral em 10 de abril de 1961, no dia que devia tomar posse e quando estava atendendo um doente no pronto socorro, sendo aí atribuídos dois grandes prêmios pela bondade divina: um deles foi o de morrer sem dor, sem sofrimento, e sem angústia e o outro foi o de tê-lo surpreendido no momento em que desempenhava suas funções no nobre exercício da medicina, como uma recompensa àquele que viveu como um lutador incansável a combater o mal e fazer o bem.

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